Fala-se muito da formação de leitores. Mas e da formação de comunicadores de linguagens? Abordar linguagens é abordar as faces da comunicação.
Como podemos incentivar o desenvolvimento de habilidades comunicacionais por meio das linguagens? Que tipo de sensibilização torna-se necessária? Qual tipo de olhar? De toque? De texturas e contemplações? Necessita-se de movimento, voz ou silêncio? Ou tudo ao mesmo tempo?
Comunicar diz respeito à individualidade, mas não quer dizer que essa linguagem está totalmente potencializada. Ao olharmos para nosso íntimo e para quem está ao nosso redor, nos sentimos satisfeitos e saciados com as linguagens que utilizamos na maioria das vezes para nos tornarmos presentes e visíveis? Somos mais reconhecíveis por quais linguagens?
Ampliar nossa percepção sobre simplesmente TUDO pode significar ampliar vivências sobre nossa forma de VIVER.
É fundamental que, desde a infância, haja o incentivo à experimentação, a aprender a olhar, apreciar, contemplar, inferir comentários, sugerir, alterar.
Torna-se necessário a uma criança compreender o que ela pensa e o que ela quer falar e como se manifestar em diferentes situações. Não é tão simples, por isso a importância de incentivar esse processo constantemente, de formas diversificadas:
Ver- perceber- pensar- compreender- descrever- refletir…… copiar? Reproduzir? Recriar? Dialogar com partilhas?
Talvez seja mais fácil começarmos a percepção por nós, adultos nessas interlocuções e interações, compreendendo nossas faces da comunicação para conseguir, com maior propriedade e sensibilidade, auxiliar a comunicação de quem passar por nós. Pequenas reflexões podem auxiliar:
Como, onde e quando há interlocuções para que a linguagem seja produzida? É costume parar para perceber esse processo?
Paramos para pensar que a linguagem é feita de ideias, significados, muito além de apenas sons e registros? Como está o meu silêncio na riqueza das minhas linguagens? Muito presente, pouco ou em equilíbrio? Quais são as minhas linguagens na riqueza do meu silêncio?
Como está nosso discurso? Percebe-se a intenção no discurso? A intenção está adequada ao local e ao momento? Em caso negativo, tenho consciência do que é necessário fazer?
Quais convenções há na linguagem que brota do meu pensamento?
Minha linguagem é passiva? É ativa? Há um equilíbrio nela?
Em quais momentos você sente mais a autoria da sua comunicação?
Nossas ideias podem ser extraordinárias, mas são compreendidas e apropriadas da forma que almejamos? Somos assertivos na forma de comunicar?
Nascemos observadores e muito competentes. O meio poderá limitar, restringir essa capacidade de contemplar ou poderá incentivar e ampliar. Há um movimento interno em cada um de nós que permite em maior ou menor proporção essas intervenções. O processo de alfabetização e a estimulação da família também contribuem nesses processos.
É necessária a prática de leitura e a linguagem oral carregada de atenção e percepção. Ensinar uma criança a perceber, a dar atenção a detalhes requer do adulto que a acompanha também exercitar essa prática e alterar formas tradicionais de trabalhar a comunicação e as diversificadas linguagens. Talvez assim, o mundo global possa experimentar linguagens pouco visíveis ou até mesmo inexploradas, mas que dizem respeito ao universo grandioso e não potencialmente explorado de nossas mentes e dos nossos sentimentos.
Quais são as faces da comunicação mais presentes na sua prática de vida? Quais são as características das suas próprias linguagens? Você gostaria de experimentar outras? Sabe nomeá-las? Serão criadas, adaptadas? Ou estão presentes na riqueza do silêncio que também é repleto de leituras e de VIDA?