Convivência familiar na quarentena: Laços familiares colocados a prova

Em tempos de Coronavírus, onde tudo é mais intenso e desafiador, o isolamento das famílias em casa obriga a todos que redescubram novas formas de se relacionar e conviver. Famílias que se encontravam praticamente ao final de um dia estressante de trabalho, em razão das várias atividades de cada um, passaram a ficar juntas por semanas inteiras.

Segundo o professor e doutor Adriano Vaz Serra, psiquiatra dos hospitais da Universidade de Coimbra entre 1973 e 2010, a família tem como função primordial a proteção e sobretudo, as potencialidades para dar apoio emocional para a resolução de problemas e conflitos.   

Nesse momento em que o mundo luta contra a pandemia do novo coronavírus, essa função torna-se essencial, pois a manutenção da saúde física e mental dos indivíduos se faz questão de sobrevivência. E dentro dessa conjuntura, as relações familiares e os vínculos afetivos funcionam como uma barreira defensiva contra agressões externas e estressantes, associadas à vida na comunidade.

Mas como ter saúde mental e cuidar da saúde dos membros de sua família nesse momento? O desafio é complexo, mas ao mesmo tempo simples. Além da famosa e velha rotina de atividades, dentro do possível é claro, é fundamental que se estabeleça e mantenha o papel de cada membro familiar, mas claro que aliado ao respeito e as diferenças de cada um. A hierarquia instaurada entre pais e filhos evita desacordos e a implantação de medidas severas, já que preservará e garantirá a prática dos espaços e funções individuais.

O segredo é um só: a base de uma boa convivência é a manutenção de uma organização segura, mas ao mesmo tempo flexível.

É aceitarmos que não temos o controle de tudo e nos concentrarmos naquilo que está sob o nosso controle, como cuidar de si e dos seus, redescobrindo o papel que temos na vida uns dos outros. É primarmos sempre por um ambiente familiar que nos proporcione além do amor, limites, respeito, solidariedade, compreensão, direitos e deveres que sejam capazes de amalgamar uma base de desenvolvimento e de convivência saudável para todos.